10 de junho de 2009

maçãs são boas para pensar



Há muitas formas de se pensar e agir sobre maçã, sobre um tomate, sobre temperos e especiarias. Uma maçã, por exemplo, pode virar um suculento strudel; pode se transformar em compota se acrescida de açúcar, pode virar um purê servido com prato salgado, pode ser comida pura, mordida, raspada ou transformada em suco. Isso quer dizer que uma maçã nunca é apenas uma maçã, assim como uma comida não é somente uma comida. 

Por trás de uma aparente combinação de ingredientes está escondida uma estrutura social, que classifica o alimento em algo comestível - ou não - , que estabelece regras relativas ao seu uso - lavar, cortar, descascar, fritar ou comer cru - outras relacionadas ao seu valor simbólico fe outras, relacionadas ao entorno da cozinha - comer à mesa, em pé, acompanhado, sozinho, em casa, na rua etc.

Por isso um antropólogo sempre dirá que não comemos simplesmente comida; ao comer estamos afirmando certas escolhas e classificações que podem ajudar a revelar formas diferentes de ver e entender o mundo. Fazer uma observação atenta sobre a comida e os processos culinários de pessoas diferentes é também fazer uma etnografia de como as sociedades observam e classificam os sentidos humanos. Gosto, paladar e cheiro deixam de ser entendidos apenas como reações orgânicas e adquirem um sentido cultural, revelando um conjunto de conhecimentos úteis para captar e ordenar e entender o mundo em que vivemos.

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