10 de junho de 2009

Mulher moderna?

Ela não sabia como se classificar e nem queria saber. Classificações não faziam sentido para ela. Há de se ter cuidado com os rótulos, sempre. Mas sim, ela tinha 30 anos, um filho, um emprego, um marido, um apartamento na zona oeste de São Paulo e se achava uma mulher moderna.

Naquela manhã de quarta-feira, enquanto o bebê brincava, ela falava e arrumava a cama. Com uma mão enfiava o lençol debaixo do colchão, com a outra repetia a ação cotidiana de impedir catástrofes na vida do filho - a criança tinha acabado de aprender a andar.
Os dois, mãe e menininho, viviam ali a cena cotidiana da ausência do pai que saía mais cedo e chegava mais tarde. Mas era um pai participativo: trocava fraldas, levava para passear, dava banho, dava comida... quando estava por perto. Naqueles dias nos demos conta do que significa ser um pai participativo: significa ajudar, quando dá.

A vida era uma correria: de manhã ela deixava o menino na casa da sua mãe, dava suas aulas de inglês, voltava correndo, almoçava correndo, levava o menino de volta para casa, recebia a sogra que chegava para ajudar, saía, dava mais aulas, voltava para casa, preparava o jantar, o menino chorava, a sogra falava compulsivamente, o menino dormia e só aí o marido chegava.
Mulher moderna? E ela dizia que, pensando bem, se tivesse que escolher entre ser mulher moderna e ter filhos, ela preferia ter filhos. E que se você pensar bem, mulher moderna é como todas as outras, vive equilibrando pratinhos para dar conta de tudo. Para ela, assim como para tantas outras, mulher moderna é a mulher tradicional, só que com dupla jornada. Mulher moderna são todas as mulheres, com todos os anseios de ser independente e ter vida profissional, mais todos os anseios de ser esposa e de ser mãe, mais todas as sogras e todas as mães e todas as babás para ajudar a segurar a onda...

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