Naquela manhã de quarta-feira, enquanto o bebê brincava, ela falava e arrumava a cama. Com uma mão enfiava o lençol debaixo do colchão, com a outra repetia a ação cotidiana de impedir catástrofes na vida do filho - a criança tinha acabado de aprender a andar.
Os dois, mãe e menininho, viviam ali a cena cotidiana da ausência do pai que saía mais cedo e chegava mais tarde. Mas era um pai participativo: trocava fraldas, levava para passear, dava banho, dava comida... quando estava por perto. Naqueles dias nos demos conta do que significa ser um pai participativo: significa ajudar, quando dá.
A vida era uma correria: de manhã ela deixava o menino na casa da sua mãe, dava suas aulas de inglês, voltava correndo, almoçava correndo, levava o menino de volta para casa, recebia a sogra que chegava para ajudar, saía, dava mais aulas, voltava para casa, preparava o jantar, o menino chorava, a sogra falava compulsivamente, o menino dormia e só aí o marido chegava.
Mulher moderna? E ela dizia que, pensando bem, se tivesse que escolher entre ser mulher moderna e ter filhos, ela preferia ter filhos. E que se você pensar bem, mulher moderna é como todas as outras, vive equilibrando pratinhos para dar conta de tudo. Para ela, assim como para tantas outras, mulher moderna é a mulher tradicional, só que com dupla jornada. Mulher moderna são todas as mulheres, com todos os anseios de ser independente e ter vida profissional, mais todos os anseios de ser esposa e de ser mãe, mais todas as sogras e todas as mães e todas as babás para ajudar a segurar a onda...
Nenhum comentário:
Postar um comentário